Meus primeiros encontros com o Meio Ambiente se deram de uma maneira muito especial, isto aconteceu desde o meu nascimento, pois nasci na Amazônica Legal, num lugar chamado Floresta no estado do Maranhão, onde meus pais viveram e trabalharam durante 40 anos. Lá tinha uma reserva virgem e intocável vigiada pelo meu pai, a água era abundante e a mata era frondosa, com árvores nativas e de uma altura que para olhar a copa delas era preciso dobrar o pescoço para trás ou então nos deitávamos no chão para contemplar sua formosura. Saímos de lá em 1973. Hoje ela não existe mais, foi derrubada até o coqueiral de babaçu. Tudo foi devastado, dando lugar ao pasto e cana.
Naquela época nunca ouvimos falar em IBAMA ou outras organizações de defesa do Meio Ambiente, meu pai, minha mãe não estudaram, mas sabiam inconscientemente por natureza que a nossa sobrevivência vinha da terra e da água e assim eu cresci amando a floresta.
Quando comecei a viajar, a fazer minhas fotografias em 1979 (pesquisar por conta própria) e hoje vendo o resultado desastroso e perverso que o homem está deixando de herança para as outras gerações e, sua depredação ao Meio Ambiente já está tendo resultado, como por exemplo, o AQUECIMENTO GLOBAL, a falta de água, o deserto em algumas regiões (que não o Nordeste), é muito pouco provável que possamos continuar existindo com vida em nosso planeta.
Em 1990 quando eu estive durante um mês em Conceição do Araguaia fiquei impressionada com a falta de ar para respirar, durante todos os dias e nos finais de tardes uma nuvem de fumaça escura juntamente com uma chuva de cinza (às vezes a cinza ainda íntegra em forma de uma folha) entrava pela janela cobria toda a cidade, as pessoas viviam varrendo suas casas. Então, eu na minha ingênua experiência, perguntei o que está acontecendo aqui? Todos responderam:" ah, minha filha são as queimadas, isto aqui vai se acabar”. Depois parti para Sítio Novo no Tocantins, era tardezinha e na estrada constatei o que aquelas pessoas me disseram, o fogo havia passado por ali, ainda fumegava em alguns pontos. A noite chegou, ai sim, eu vi pela primeira vez na minha vida uma queimada viva, as labaredas subiam ao céu, os pássaros gritavam e caiam no chão, os outros animais tentando se salvar, corriam para todos os lados sem saída, eu pedi para parar o carro e desci, me aproximei, sentir o calor cruel,( igual ao de quando entrei num alto forno de uma Siderúrgica de ferro gusgo lá em Açailândia no Maranhão em 1982, onde vi toda madeira tirada da Amazônia estocada para se transformar em carvão e depois em ferro) devastador e fotografei. A foto chama-se DEVASTAÇÃO.
Hoje acontece queimada em todos os estados do nosso país, ações criminosas. No dia 1 de setembro desse ano vi duas queimadas vivas aqui em Goiás, eram canaviais. É comum! As coisas dessa natureza se tornaram comum! Eu pergunto. Nós vamos continuar vendo esta perversidade como coisa comum, banal? Nós vamos ser cúmplices da destruição do nosso Planeta, de nós mesmos? Eu não! Criei este BLOG para tratar desse assunto, não vou me calar. Quem quiser participar escreva! Diga o que tiver vontade de dizer! Mas não se cale!
Antonieta de Sant´Ana